O que o pod pode causar?

 

Os cigarros eletrônicos têm se popularizado como alternativa de redução de danos em relação aos cigarros tradicionais. Existem vários tipos de dispositivos de vaporização: os pod systems, os vapes (mods) e os pods descartáveis. Apesar das consideráveis vantagens – um cigarro eletrônico funciona apenas com quatro substâncias, enquanto um cigarro comum tem mais 4 mil substâncias tóxicas –, os cigarros eletrônicos não são isentos de riscos à saúde. O mais importante é ter as informações certas para fazer escolhas conscientes. Entenda neste artigo quais são os riscos  e o que o pod pode causar no corpo.

 

Crescimento da popularidade do Pod

 

A história dos cigarros eletrônicos começa no início do século XXI, quando o farmacêutico chinês Hon Lik criou a primeira versão comercial de um dispositivo eletrônico de vaporização em 2003. Contudo, foi nos últimos anos que os dispositivos tipo pod system experimentaram um notável crescimento e popularização. Introduzidos no mercado como uma alternativa mais discreta e fácil de usar em comparação com os modelos tradicionais (do tipo vapes), os pods ganharam destaque devido à sua portabilidade, simplicidade e eficácia na entrega de nicotina. Passado tanto tempo após esse invenção, o que o pod pode causar ainda é uma questão que permeia a cabeça de muitas pessoas.

 

Composição dos Pods

 

Uma das principais vantagens do cigarro eletrônico é que ele oferece poder de escolha ao consumidor. Ao comprar um maço de cigarros tradicionais, você não pode escolher o teor de nicotina ou de outras substâncias químicas.  Deste modo, esse poder traz a responsabilidade pessoal de estar atento aos rótulos e componentes de cada produto.

 

Ingredientes nos e-liquids 

 

Os e-liquids (também chamados de juice) são a base de produção do vapor inalado nos pods e todos os tipos de cigarro eletrônico. Os principais componentes incluem propilenoglicol (PG) e glicerina vegetal (VG), que atuam como solventes e geram a base para a produção de vapor. A nicotina é um ingrediente opcional e o consumidor pode escolher o teor – os juices oferecidos pelo mercado variam de zero a 60mg/ml de nicotina. A variedade de sabores é obtida por meio da adição de aromatizantes alimentares, proporcionando uma gama diversificada de opções aos consumidores.

 

Aditivos e substâncias químicas

 

Além dos ingredientes básicos, os e-liquids podem conter aditivos e substâncias químicas destinadas a melhorar a experiência do usuário. Adoçantes, como o sucralose, são frequentemente adicionados para realçar os sabores, e agentes espessantes podem ser incluídos para melhorar a consistência do vapor.

 

No entanto, é importante observar que alguns e-liquids podem conter substâncias potencialmente prejudiciais, como formaldeído ou acroleína, resultantes da degradação de certos componentes durante o processo de vaporização em altas temperaturas. O acetato de vitamina E, um aditivo por vezes utilizado nos juices que contêm cannabis, foi associado a casos de lesões pulmonares.

 

A regulamentação e a pesquisa contínua são essenciais para garantir que os aditivos e substâncias químicas utilizados sejam seguros para a saúde dos usuários.

 

Variações de dispositivos e impactos na composição

 

Os pods são dispositivos que proporcionam uma experiência mais parecida ao ato de fumar. Os líquidos utilizados, geralmente, possuem um teor de nicotina mais alto e o tipo de inalação é MTL (Mouth to Lung), ou seja, da boca para o pulmão. Já os vapes ou mods, são dispositivos maiores, que produzem muita fumaça, e utilizam líquidos freebase, com teor de nicotina de 0 a 9mg.  A inalação é DL (Direct do Lung), direto para o pulmão. Pelo teor de nicotina mais alto, os pods oferecem maior risco de dependência, mas também são mais utilizados por aqueles que desejam parar de fumar, pois proporcionam uma experiência parecida, com a possibilidade de diminuir gradualmente o teor de nicotina.

 

Riscos à saúde 

 

Todo consumidor de pod ou vape deve estar consciente dos riscos à saúde envolvidos no uso dos cigarros eletrônicos. Deste modo, trata-se de uma estratégia de redução de danos, não de eliminação de riscos. Entenda o que o pod faz com o corpo e que doenças o cigarro eletrônico pode causar.

 

Problemas respiratórios

 

Estudos indicam uma possível associação entre o vaping e o desenvolvimento de problemas pulmonares, como bronquite e pneumonite lipóide, uma condição inflamatória dos pulmões relacionada ao uso de substâncias oleosas. A inalação de partículas finas e compostos químicos presentes nos e-liquids pode desencadear reações inflamatórias prejudiciais aos pulmões, representando um risco potencial para a função respiratória a longo prazo.

 

Sistema cardiovascular 

 

O sistema cardiovascular também pode ser afetado negativamente pelo uso de cigarros eletrônicos. Estudos indicam que a exposição aos compostos químicos presentes nos e-liquids pode contribuir para o estreitamento das artérias e a disfunção endotelial, aumentando o risco de doenças cardíacas. Além disso, a nicotina presente nos dispositivos pode elevar a pressão arterial e aumentar a frequência cardíaca, fatores que, a longo prazo, podem contribuir para o desenvolvimento de problemas cardiovasculares.

 

Riscos orais e dentários 

 

A exposição constante aos e-liquids pode levar à irritação das gengivas e da mucosa oral. Além disso, alguns estudos sugerem que os dispositivos de vaporização podem alterar a microbiota oral, potencialmente contribuindo para o desenvolvimento de cáries e doenças gengivais. A presença de substâncias químicas nos e-liquids também é capaz de desencadear irritações na boca e na garganta.

 

Dependência e Riscos psicológicos 

 

Além dos riscos à saúde física, os cigarros eletrônicos podem oferecer riscos à saúde mental, a depender do histórico de cada usuário.

 

Potencial para a dependência 

 

A nicotina presente nos cigarros tradicionais e, opcionalmente, nos cigarros eletrônicos é uma substância psicoativa que é capaz de causar dependência. A presença de nicotina nos e-liquids é um fator significativo a se considerar, pois essa substância libera dopamina no cérebro, criando sensações de prazer e recompensa que tendem a levar ao vício.

 

Ansiedade e estresse 

 

Embora muitos usuários recorram ao vaping como uma forma de lidar com o estresse e a ansiedade, evidências sugerem que o uso de cigarros eletrônicos pode ter efeitos adversos sobre a saúde mental. Além disso, o ciclo de dependência da nicotina pode intensificar a ansiedade em momentos de abstinência, criando um loop no qual o vaping é utilizado como um mecanismo de enfrentamento.

 

Relação com outros transtornos mentais 

 

A presença de substâncias químicas nos e-liquids e o comportamento compulsivo de vaping podem influenciar a saúde mental, especialmente em indivíduos predispostos a transtornos psicológicos. Essa relação ainda não foi suficientemente estudada, mas algumas pessoas com transtornos podem usar os cigarros eletrônicos como automedicação, o que acaba piorando o quadro.

 

Efeitos adversos em grupos específicos 

 

Os cigarros eletrônicos não são produtos destinados a todos. Veja quais grupos devem tomar mais cuidado com o uso do pod ou vape.

 

Crianças e adolescentes 

 

Os cigarros eletrônicos são produtos destinados a adultos, assim como os cigarros convencionais e as bebidas alcoólicas. Estudos indicam que a exposição precoce à nicotina durante o desenvolvimento cerebral pode ter efeitos adversos, incluindo prejuízos cognitivos, maior susceptibilidade ao vício e alterações na função cerebral. Além disso, a nicotina pode afetar negativamente o desenvolvimento do sistema respiratório em adolescentes, aumentando o risco de problemas a longo prazo.

 

Grávidas

 

Mulheres grávidas não devem fazer uso do cigarro eletrônico. A exposição ao vapor de e-liquids durante a gestação pode atravessar a barreira placentária e ter efeitos adversos no desenvolvimento do feto. Contudo, a nicotina presente em alguns juices pode levar a complicações como baixo peso ao nascer, parto prematuro e aumento do risco de síndrome da morte súbita infantil.

 

Prevenção e aconselhamento 

 

Uma estratégia de redução de danos, para ser eficiente, deve ser acompanhada de informações claras e regulação. A comercialização de pods e vapes já é regulamentada em 79 países, incluindo Estados Unidos, Inglaterra e Nova Zelândia. Na Inglaterra, o cigarro eletrônico já pode ser prescrito por médicos seguindo uma orientação do Serviço Nacional de Saúde (NHS, em inglês) como estratégia para reduzir o consumo do tabaco.

 

Procure se informar sobre o que está consumindo 

 

O poder de escolha que os cigarros eletrônicos oferecem aos consumidores demanda atenção, cuidado e autorresponsabilidade. Como qualquer tipo de substância ou produto, há variações na qualidade que podem oferecer riscos à saúde. Leia os rótulos atentamente, pesquise as substâncias da composição do juice, cheque a reputação e a qualidade das marcas.

 

Fume com moderação

 

Como qualquer substância passível de causar dependência – o álcool está incluso nessa lista – é preciso moderação no uso do cigarro eletrônico, sobretudo daqueles que possuem nicotina na composição, como é o caso da maioria dos pods.

 

 

Vantagens do Pod em relação ao cigarro

 

Ainda que muitos juices utilizados em pods e vapes contenham nicotina, é importante frisar que há uma diferença entre o nível nicotina bruta (indicada no frasco) e o nível de nicotina inalada. Além disso, parte da substância se perde no processo de combustão ou de vaporização. A vaporização entrega 85% menos de nicotina do que a combustão de um cigarro tradicional.

 

Um estudo publicado pela Society for Research on Nicotine & Tobacco concluiu que a nicotina nos cigarros eletrônicos é um fator relevante para os fumantes que utilizam o dispositivo com o objetivo de parar de fumar. Outra pesquisa, desta vez da Universidade de Genebra e da Virginia Commonwealth University, indicou que os cigarros eletrônicos com nicotina causaram menos dependência que outras técnicas para abandonar o fumo, como as gomas de nicotina.

 

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